Click Camboriú no WhatsApp

Faça parte do nossso canal e tenha acesso às últimas informações.

― Publicidade ―

Mais lidas do dia

Moto elétrica incendeia garagem e causa danos em veículo vizinho em Balneário Camboriú

Veículo estava em recarga no momento do sinistro; GM Tracker ao lado foi parcialmente danificado

Fogo atinge área de serviço de apartamento na Rua 2000

Incêndio no 10º andar foi controlado por bombeiro civil antes da chegada das equipes

Caso do bebê Ragnar gera embate entre vereadores em Balneário Camboriú

Vereador Mazinho cobra esclarecimentos da Secretaria de Saúde e acusa governo de mentir; vereadora Ciça rebate e pede respeito ao luto
Click CamboriúNotíciasEvento sobre maternidade tem participação inesperada de pai de bebê que morreu...

Evento sobre maternidade tem participação inesperada de pai de bebê que morreu em parto

O pai tomou a palavra e escancarou o sofrimento de sua família e a suposta omissão da prefeitura diante do caso

edemar

O que seria uma roda de conversa sobre saúde mental materna, promovida pela vereadora Ciça Müller (PDT), terminou em constrangimento e confronto direto. Durante o encerramento do evento “Nem Toda Maternidade é Rosa”, realizado na noite de segunda-feira (26) na Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú, Edemar Ramos, pai do bebê Ragner Leitemperger, morto durante o parto no Hospital Ruth Cardoso, tomou a palavra e escancarou o sofrimento de sua família e a omissão da prefeitura diante do caso.

“Eu sou um pai que eu perdi um filho por uma negligência médica, e eu tenho que viver todo dia com a minha mulher tentando se matar, querendo se matar, por causa do hospital. Vocês não estão entendendo isso.”

A esposa, Dayla Fernanda Pedroso Ramos, teve o útero retirado após uma ruptura durante o parto, realizado em 25 de abril. O casal afirma que desde o início alertou a equipe médica sobre os riscos do parto normal, já que Dayla possuía cesárea anterior e havia contraindicação médica. Ainda assim, a equipe do hospital induziu o parto com ocitocina e rompeu artificialmente a bolsa.

- CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE -

O caso foi marcado por uma série de negligências: manobras condenadas, ausência do médico na sala durante o trabalho de parto, atraso no socorro e contradições em documentos médicos. A própria prefeita Juliana Pavan chegou a se reunir com o casal, mas, segundo a família, os compromissos assumidos, como o custeio do velório do bebê, não foram cumpridos.

“Se eu não tivesse filmado, nada teria acontecido”

Durante o evento, promovido em tom institucional, com a presença da secretária de Saúde Aline Leal, Edemar interrompeu a programação para cobrar explicações.

“Se eu não tivesse filmado, me diz, se eu não tivesse aguentado filmar vendo meu filho morto e a minha mulher toda aberta, o que que teria acontecido? Nada. Teria sido como outro caso, de uma criança que cortou o rosto. Teria sido como todos os outros casos.”

Ao relatar o sofrimento da esposa após a histerectomia total, Edemar acusou o município de omissão:

“Minha mulher teve lá pra fazer um exame de ultrassom porque ela não sabe o que tiraram de dentro dela. Nós não sabemos se tiraram o útero e os ovários. Porque vocês não disseram pra nós e não está nos registros. E nós fomos lá e ficamos aguardando, minha mulher com dor, e sabe o que falaram pra nós? Que ela não tinha prioridade.”

Ele também relatou o descaso até na hora de tirar os pontos de sua esposa.

A secretária de Saúde, Aline Leal, respondeu que “o médico foi afastado, e toda a justiça está com o caso do seu filho”, mas foi questionada duramente pelo pai:

“Por que a equipe não foi afastada? As enfermeiras que acompanharam a minha esposa desde as 8h da manhã, por que não foram afastadas?”

A secretária tentou conduzir a situação dizendo que o caso foi encaminhado aos conselhos e procuradoria, mas sem esclarecer por que os demais envolvidos não foram afastados. Ao insistir para que o pai “sentasse para finalizar o evento”, recebeu nova recusa:

“Eu não estou a fim de sentar. Eu não vou desistir. E vocês tentaram manipular um monte de coisa e você sabe disso. Eu tenho a verdade do meu lado. Eu tenho a verdade do meu lado.”

“A justiça está na mão da prefeita”

Ao enfatizar que não iria desistir até responsabilizar o médico e as enfermeiras que estavam lá, Edemar ouviu da vereadora Ciça Müller, da base aliada do governo: “isso, você precisa procurar a justiça”. A resposta provocou uma reação imediata:

“A justiça está na mão da administração da prefeita. Se ela quisesse, já teria tomado o caso. Porque no dia, o médico fugiu pelo portão do lado. Eu tenho relato, tenho testemunhas que estavam lá e viram o médico fugindo.”

Nesse momento a vereadora insiste em rebater falando: “O médico já foi afastado também.” A resposta causou revolta no pai:

“Ah, e o que adianta afastar? E meu filho, quem é que vai trazer de volta? Vocês vão trazer meu filho de volta? Vocês acham que algum dinheiro vai pagar a morte do meu filho? Não paga.”

Sem resposta do governo

Apesar da gravidade dos fatos relatados, nem a vereadora nem a secretária responderam às acusações sobre omissão da administração após o parto. Edemar afirmou que só recebeu uma visita institucional 15 dias após o parto e que, até hoje, a família não foi atendida de forma digna.

“Não me deram assistência nenhuma desde que minha mulher saiu de lá. Foi uma psicóloga que a vereadora mandou lá, depois de 15 dias. Mas vocês não foram. Ela foi, por conta dela, não porque a prefeitura ajudou.”

E mais uma vez a vereadora respondeu de uma maneira que causou uma incomodo em Edemar: “A família é de Camboriú e a rede de apoio é de Camboriú.”

“Não precisamos de psicólogo, vocês não estão entendendo. Nós precisamos de justiça. O cara matou meu filho! Meu filho era saudável. Eu fiz todos os acompanhamentos. Ele era planejado. Não foi uma criança por acidente. Vocês não estão entendendo isso.”

O caso segue sendo investigado, mas a manifestação pública feita durante o evento na câmara de vereadores escancarou não apenas o drama da família, mas também a ausência de respostas por parte dos responsáveis pela saúde pública municipal.

- PUBLICIDADE -

― Publicidade ―