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Pais acusam hospital de negligência após morte de bebê durante parto em Balneário Camboriú

Família denuncia negligência no parto e relata abandono durante emergência obstétrica; prontuário aponta procedimentos de risco e sindicância foi aberta para apurar responsabilidades

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A morte do recém-nascido Ragnar Ramos Leitemperger, ocorrida na noite de sexta-feira (25), no Hospital Municipal Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, levou a família a denunciar supostos erros médicos e abandono durante o parto. O caso está sendo investigado pela Prefeitura Municipal, que afastou preventivamente o obstetra responsável e instaurou sindicância para apuração dos fatos.

Segundo o relato dos pais, Dayla Fernanda Pedroso Ramos e Edemar Leitemperger, ao chegar ao hospital por volta das 08h10 da manhã, informaram à equipe que a gestante possuía histórico de cesárea anterior e que havia recomendação para que não fosse submetida a parto normal. “Eu falei que queria cesárea, que não podia ser induzido o parto, e mesmo assim insistiram. Eu pedi duas vezes. Eles não ouviram”, relatou a mãe, Dayla.

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Durante a tarde, a evolução do parto foi lenta e, mesmo com fortes dores e solicitação expressa da gestante por uma cesárea, o procedimento foi negado pelo médico obstetra D.M.S. Conforme relatado pela mãe, ele realizou a ruptura artificial da bolsa amniótica (amniotomia) e administrou ocitocina para indução do parto, mesmo diante do risco elevado de ruptura uterina.

Prontuário médico obtido pela família confirma a realização desses procedimentos e aponta que, após a indução, não houve monitoramento fetal contínuo adequado. A paciente relatou dores insuportáveis e sangramento excessivo. “Eu fazia força, sangrava muito, e eles achavam que era a bolsa estourando”, disse Dayla.

tattoo
Com a tinta do teste do pézinho, Edemar marcou em seu braço o pé de Ragnar, para tatuá-lo e homenagear o filho.

A situação se agravou quando o bebê ficou “entalado” no canal vaginal, e a família afirma que houve tentativa de forçar o parto com manobras não recomendadas. Em meio ao desespero, o pai procurou socorro. “Minha mulher estava desfalecida. Só depois que eu gritei no hospital veio socorro”, afirmou Edemar durante reunião com a prefeita.

Segundo o relato da família, o médico responsável inicialmente desacreditou a gravidade da situação e acabou se ausentando do atendimento no momento em que a paciente apresentava sinais claros de emergência obstétrica, configurando uma possível omissão de socorro. Apenas com a intervenção de um segundo médico a mãe foi levada ao centro cirúrgico, onde foi constatada ruptura uterina extensa.

Devido à gravidade da ruptura e à hemorragia intensa, a mãe precisou ser submetida a uma histerectomia total, resultando na retirada do útero para salvar sua vida. A perda do útero configura um dano permanente à saúde reprodutiva da paciente, agravando ainda mais a gravidade do caso.

O bebê foi retirado sem sinais vitais.

Linha do Tempo do Caso:

08h10 – Mãe chega ao hospital com contrações e histórico de cesárea anterior.

15h30 – Internada na sala de parto; dilatação lenta.

19h00 – Dor insuportável; pedido de cesárea negado.

20h00 – Médico realiza ruptura da bolsa e aplica ocitocina.

22h00 – Trabalho de parto parado; bebê entalado.

23h00 – Cesárea emergencial; bebê nasce sem sinais vitais.

Desdobramentos

Durante reunião na manhã de sábado (26) com a prefeita Juliana Pavan, o vice-prefeito Nilson Probst e o secretário da Casa Civil Leandro Índio, Edemar cobrou explicações e responsabilizações. Ele também relatou que a administração do hospital não soube informar, no momento do atendimento, quem era o médico responsável.

A Prefeitura divulgou três notas oficiais ao longo do sábado, informando que:

  • Afastou preventivamente o obstetra envolvido;
  • Determinou a abertura de sindicância;
  • Acionou a Comissão de Óbito e o Comitê de Ética;
  • Garantiu acesso da família ao prontuário;
  • Solicitou parecer técnico independente.

Em resposta a informações divulgadas pela família de que teriam tentado “silenciá-los” ou induzi-los a assinar documentos divergentes, o secretário Leandro Índio negou a acusação e afirmou que a prefeitura manteve a transparência e garantiu à família todo o suporte necessário, inclusive dispondo servidores para testemunhar caso solicitado.

A morte do bebê também foi alvo de registro de boletim de ocorrência, e a família afirma que já tomou todas as medidas legais cabíveis. O corpo da criança foi inicialmente encaminhado para Florianópolis, mas, após questionamentos, retornou a Balneário Camboriú para realização da autópsia.

O Click Camboriú segue acompanhando o caso e atualizando as informações sobre as investigações administrativas e criminais em andamento.

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