A ex-diretora-geral do Hospital Municipal Ruth Cardoso, Andressa Hadad, se manifestou publicamente nesta sexta-feira (2) sobre sua exoneração e a morte do recém-nascido Ragner Ramos Leitemperger, ocorrida durante o parto na unidade hospitalar. Em vídeo publicado nas redes sociais, Andressa afirmou que desde o início do ano já havia identificado falhas estruturais graves no Centro Obstétrico e que alertou a Secretaria de Saúde e a pasta de Compras da Prefeitura sobre os riscos do contrato com a empresa médica que presta serviços à maternidade.
“Desde então, venho sendo injustamente acusada por parte da imprensa e rejeito veementemente essa responsabilização”, disse a ex-diretora, que estava à frente da unidade desde o início do governo Juliana Pavan. Segundo ela, seu afastamento foi uma decisão da prefeita, “um direito dela”, mas seu objetivo ao se pronunciar não seria questionar a exoneração e sim “prestar esclarecimentos”.
Andressa afirmou que chegou ao hospital às 23h50 do dia 25 de abril, após ter sido acionada às 23h25, e que encontrou um “cenário doloroso”, com o pai do bebê relatando falhas assistenciais no parto. “Vi e senti a dor daquela família e jamais esquecerei”, declarou. Ela garantiu que tomou todas as medidas cabíveis no momento e expressou solidariedade aos familiares de Ragner.
A ex-diretora relatou ainda que, em janeiro de 2025, ela e o então diretor técnico da unidade, Alexandre Tolentino, identificaram “fragilidades junto à assistência do Centro Obstétrico”, que teriam sido corroboradas por queixas de pacientes registradas na ouvidoria do hospital. A partir dessas constatações, ambos propuseram formalmente à Secretaria de Saúde a não renovação do contrato com a empresa então vigente, e a abertura de um processo de dispensa de licitação com base em justificativa técnica.
Segundo Andressa, a empresa inicialmente vencedora da nova contratação desistiu por não conseguir compor a escala médica, e a segunda colocada seria convocada conforme previsto em lei. No entanto, de acordo com ela, a decisão dos secretários das pastas de Saúde e Compras foi pelo cancelamento do processo e a prorrogação do contrato atual por mais seis meses. “Mesmo assim, seguimos com a fiscalização e as notificações necessárias”, afirmou.
Ela garantiu que todos os atos foram formalmente registrados nos sistemas da Prefeitura e que os documentos já foram entregues ao Ministério Público, para o qual foi convidada a prestar esclarecimentos.
Em tom enfático, a ex-diretora reforçou que não pretende assumir a culpa por decisões que, segundo ela, estavam fora de sua alçada. “Peço que todos os órgãos competentes intensifiquem a fiscalização na saúde de Balneário Camboriú e que os vereadores considerem instaurar uma CPI para apuração dos fatos. Não serei escudo de ninguém, pois sou lança e não tenho telhado de vidro.”
A Prefeitura de Balneário Camboriú ainda não se pronunciou sobre as declarações.