A Prefeitura de Balneário Camboriú divulgou nesta semana um release afirmando que a cidade teve uma queda significativa nos casos de dengue em 2025, atribuindo o resultado a ações municipais como mutirões, uso de inseticidas e campanhas educativas. No entanto, dados do Ministério da Saúde e análises estaduais mostram que a redução da doença é uma tendência nacional, não um fenômeno isolado, exclusivamente fruto da atuação da gestão local.
O material institucional apresenta os dados do município e destaca a redução de 6.804 casos em 2024 para 403 em 2025, um recuo de 94%. Embora os números representem, de fato, uma melhora significativa, o texto ignora o contexto mais amplo em que estão inseridos. Ainda no release, a Secretária de Saúde Aline Leal afirma que os resultados são fruto do trabalho da atual administração:
“Desde o início do ano, nosso trabalho tem sido intenso. O resultado desse planejamento e organização está refletido nos números” — Aline Leal, secretária de Saúde
No entanto, segundo o próprio painel de monitoramento do Ministério da Saúde, os dois primeiros meses de 2025 registraram queda de 83,1% nos casos prováveis de dengue em Santa Catarina e 69,25% no Brasil.
Os dados, que abrangem as semanas epidemiológicas 1 a 9 (de 29 de dezembro de 2024 a 1º de março de 2025), refletem o impacto de uma série de medidas coordenadas nacionalmente, como a intensificação da vigilância, a distribuição de testes rápidos e a expansão do método Wolbachia, que será implementado também em Balneário Camboriú, como parte de uma iniciativa do Ministério da Saúde.
Desde janeiro, o Centro de Operações de Emergências (COE-Dengue) tem coordenado ações em todo o país, com visitas técnicas, campanhas em escolas e parcerias com o Instituto Butantan para a produção de vacinas.
Balneário Camboriú, assim como tantas outras cidades brasileiras, de fato apresenta uma melhora nos indicadores da dengue em 2025. Mas qualquer esforço de isolar os méritos na esfera local desconsidera o trabalho conjunto que vem sendo feito em todo o país.