O ex-promotor de Justiça e ex-secretário da Pessoa Idosa de Balneário Camboriú, Rosan da Rocha, fez duras críticas à prefeita Juliana Pavan (PSD) após o anúncio da transferência temporária do gabinete municipal para o Hospital Ruth Cardoso, decisão tomada em meio à crise instaurada após a morte do recém-nascido Ragner Ramos Leitemperger. Em vídeo publicado nesta sexta-feira (3), Rosan acusou a prefeita de adotar medidas midiáticas e de punir a ex-diretora do hospital, Andressa Hadad, por tentar modificar a estrutura da unidade hospitalar.
“Se a senhora vai botar o seu gabinete dentro do hospital, é porque não confia na sua secretária de Saúde”, disse Rosan, ao criticar a superposição de funções e o esvaziamento da autoridade da gestão da pasta. Ele afirmou que, se estivesse no lugar da secretária, pediria exoneração: “Se eu sou secretário e a senhora bota o gabinete dentro de um órgão que eu comando, eu pego o boné e vou embora”.
O ex-promotor, que diz ter votado em Juliana, afirmou que tinha expectativa de uma gestão moderna e ética, conduzida por mulheres, mas que se decepcionou com o protagonismo de figuras políticas tradicionais e com a manutenção de nomes que considera ligados a irregularidades, inclusive em relação à crise no Lar dos Idosos. “A senhora não tomou atitude nenhuma”, declarou, ao relatar que alertou o governo sobre uma ilegalidade cometida por um cargo comissionado e que, mesmo assim, nenhuma providência foi adotada.
Em relação à exoneração da ex-diretora do hospital, Rosan foi enfático ao afirmar que Andressa Hadad não teve responsabilidade na morte do bebê e que foi penalizada por querer substituir a empresa terceirizada responsável pela obstetrícia. “O único problema dela foi querer mudar o atendimento do hospital”, disse. Segundo ele, Andressa havia alertado a prefeita e a secretária de Saúde sobre os riscos na continuidade do contrato com a empresa. “Ela alertou que a empresa iria causar um prejuízo enorme, inclusive com morte — e assim ocorreu.”
Rosan afirmou ainda que Andressa não só propôs a não renovação do contrato como chegou a iniciar um novo processo de contratação com base em dispensa licitatória fundamentada. No entanto, a empresa vencedora declinou por não conseguir formar a escala médica, e a segunda colocada sequer foi convocada. “Alguém ligou pra ela e disse: vai continuar a empresa — e é assim que nós queremos”, relatou.
Ao longo da manifestação, Rosan lamentou o que chamou de “ações inócuas” e “populismo midiático” por parte da prefeita, e disse que vê com preocupação as articulações em torno da possível terceirização total do hospital. “Hospital público tem que estar na mão do governo. Ainda espero, Juliana. Votei em você, por isso estou falando isso”, concluiu.