A Prefeitura de Balneário Camboriú anunciou nesta terça-feira (29) uma ampla reestruturação na direção do Hospital Municipal Ruth Cardoso, poucos dias após a morte do recém-nascido Ragner Ramos Leitemperger durante o parto, ocorrida na unidade. A tragédia gerou forte comoção, expôs falhas graves no atendimento obstétrico e provocou pressão pública por responsabilizações.
A diretora-geral do hospital, Andressa Hadad, foi oficialmente exonerada na segunda-feira (28), conforme portaria assinada pela prefeita Juliana Pavan. Em mensagem de despedida enviada a colegas de trabalho, Andressa insinuou haver desmandos, ganância e interesses escusos na Secretaria de Saúde. “Foram dias muito intensos e difíceis, onde vi a crueldade humana se desenhar frente aos meus olhos (…), mas o que me orgulho ainda mais é que não me corrompi”, escreveu.
Com a exoneração, a secretária de Saúde, Aline Leal, assumiu interinamente a direção do hospital, acumulando ambas as funções. Em nota, a prefeitura informou que a transição visa manter a estabilidade da gestão enquanto as mudanças planejadas para a unidade são implantadas. A gestora também anunciou que outras substituições ocorrerão na equipe diretiva ainda nesta semana.
O caso que motivou a mudança envolve a morte do bebê Ragner e a necessidade de uma histerectomia de emergência para salvar a vida da mãe, Dayla Fernanda Pedroso Ramos, que denunciou ter sido submetida à indução do parto mesmo com cesárea anterior e contra sua vontade. O obstetra que atendeu o caso foi afastado preventivamente, e a família registrou boletim de ocorrência denunciando negligência, omissão de socorro e divergências nos prontuários.
Entre as medidas anunciadas pela Secretaria de Saúde estão:
- A criação do cargo de diretor clínico obstétrico para atuar na maternidade;
- O envio de projeto de lei à Câmara para permitir contratação de profissionais ACTs da Saúde por dois anos, a fim de dar estabilidade às equipes;
- O lançamento de nova licitação para o gerenciamento do Centro Obstétrico, com possibilidade de rescisão do contrato emergencial em vigor;
- Auditoria interna conduzida pela Controladoria-Geral do Município sobre o contrato de 2020 que regula a atuação da empresa na maternidade;
- Início do processo de adequação do hospital para buscar certificação pela Organização Nacional de Acreditação (ONA).
Segundo Aline Leal, as mudanças buscam garantir mais eficiência, organização e sensibilidade nos atendimentos. “A prioridade da gestão é humanizar cada vez mais o atendimento à população. O Hospital Municipal Ruth Cardoso é uma referência, e precisamos garantir que cada paciente se sinta acolhido e amparado”, afirmou a secretária.