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100 dias: gestão Juliana Pavan tropeça em erros, mentiras e decisões questionáveis

Período inicial da nova administração é marcado por desinformação institucional, aumento de impostos e colapso de serviços essenciais.

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Ao completar 100 dias à frente da Prefeitura de Balneário Camboriú, a gestão Juliana Pavan (PSD) chega a uma marca simbólica sob um clima de frustração, descrédito e instabilidade. O início do mandato, que poderia ter sido marcado por estruturação e planejamento, ficou conhecido por erros administrativos básicos, decisões mal conduzidas e uma sucessão de escândalos.

Nomeações erradas e portarias retroativas

A desorganização administrativa ficou evidente já nos primeiros dias. Uma enxurrada de portarias com nomeações erradas precisou ser corrigida com novas publicações no Diário Oficial, muitas delas retroagidas. A confusão demonstrou que a nova gestão assumiu o comando da cidade sem saber direito o que estava fazendo.

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Comunicação baseada em narrativa

Em 4 de janeiro, a jornalista Dagmara Spautz, ex-NSC, foi anunciada como secretária de Comunicação. Reconhecida por sua atuação na mídia, Dagmara chegou com a missão de construir “narrativas” para o governo — termo que, ao longo dos meses, passou a ilustrar não uma estratégia de comunicação institucional, mas uma tentativa de controlar o discurso oficial e encobrir falhas da gestão.

Uma estratégia necessária já na segunda semana de governo, quando a prefeita publicou um vídeo para acusar a antiga gestão de descartar equipamentos do Hospital Ruth Cardoso. A resposta veio rapidamente: o ex-prefeito Fabrício Oliveira e o vereador Ricardinho apresentaram documentos desmentindo a narrativa.

Tragédia climática usada como vitrine eleitoral

A enchente que atingiu Balneário Camboriú e Camboriú em janeiro foi tratada não apenas como crise, mas como oportunidade política pela família Pavan. Governadas por pai e filha — Leonel e Juliana Pavan —, as duas cidades viraram cenário de articulação eleitoral visando as eleições de 2026. As ações da prefeita Juliana e do pai, Leonel, se alinharam a uma estratégia clara: promover o nome de João Rodrigues (PSD) e enfraquecer o governador Jorginho Mello (PL), criando um discurso de desamparo estadual, ainda que o suporte tenha sido prestado dentro do prazo e em volume significativo.

Desinteresse no resgate animal

A proteção animal também foi deixada de lado. O Grupo de Proteção Ambiental da Guarda Municipal deixou de atender chamados de resgate via 153, segundo matéria publicada em 12 de janeiro. Já em fevereiro, a ONG Viva Bicho suspendeu parte dos serviços por superlotação, denunciou falhas na coleta de lixo e se recusou a receber dois pitbulls resgatados, que acabaram sendo mantidos em gaiolas pela prefeitura.

Contenção para uns, diárias para outros

Mesmo com um decreto de contenção de despesas assinado no início da gestão, a prefeita gastou R$ 19 mil em diárias durante uma viagem a Brasília, em fevereiro. O valor levantou críticas pela incoerência: enquanto secretarias sofriam com cortes e a cidade enfrentava problemas básicos, a chefe do Executivo usava recursos públicos com viagem e diárias.

O pacote da taxação

Outro ponto de ruptura entre o governo e a população foi o aumento de impostos. A prefeitura encaminhou à Câmara um pacote de reajustes, incluindo aumento no IPTU, sem debate público. Diante da reação negativa, a prefeitura tentou negar o reajuste, publicou vídeo afirmando que o imposto não havia subido — e depois apagou o vídeo. O vereador Naifer Neri (NOVO) desmentiu oficialmente a fala da prefeita com provas documentais e comemorou a “vitória da transparência”.

Interferência em projeto de defesa pessoal

O projeto de defesa pessoal voltado a mulheres sofreu com uma interferência injustificada: o GM idealizador foi retirado do comando, provocando protestos de alunas e denúncias de desrespeito. Em resposta às críticas, a prefeitura divulgou um vídeo justificando que Felipe Platt estaria em desvio de função. Dias depois, o secretário de Segurança publicou uma nota alegando que Platt havia recebido horas extras de forma irregular, agravando ainda mais a crise. Após a repercussão negativa, a prefeitura voltou atrás, permitindo o retorno do servidor, mas não sem antes deixar a situação causar todo um desgaste para o governo.

Denúncias no Hospital Ruth Cardoso e UPA

Na área da saúde, o Ministério Público abriu duas frentes de investigação. A primeira apura conflito de interesses em convênios de estágio no Hospital Ruth Cardoso. A segunda envolve suspeita de quarteirização ilegal nos serviços de radiologia da UPA. Enquanto isso, a qualidade do atendimento continuou em queda, culminando no colapso do pronto-socorro dias após a contratação, sem licitação, de uma nova empresa para gerir a unidade.

Fake news institucional sobre a balneabilidade

Em março, a Prefeitura de Balneário Camboriú divulgou uma notícia falsa sobre a balneabilidade da Praia Central. O release oficial anunciava que a praia estava 100% própria para banho pela primeira vez desde agosto de 2022, informação prontamente replicada pela imprensa, com base exclusiva no texto fornecido pela assessoria da prefeitura, sem checagem independente.

No entanto, uma verificação feita com base nos dados do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) desmentiu categoricamente o conteúdo do comunicado. Os relatórios oficiais mostram que a Praia Central já havia apresentado 100% de balneabilidade em ao menos dez ocasiões diferentes ao longo de 2024, com registros em datas como 1º de abril, 22 de abril e até 5 de dezembro.

A afirmação de que seria um “fato inédito” desde 2022 não se sustentava nem mesmo com os dados públicos disponíveis na base do próprio IMA. A reportagem do Click Camboriú destacou que os números foram ignorados pelo release, colocando em xeque a credibilidade e a transparência da comunicação institucional do governo municipal.

Ao distorcer dados técnicos e utilizar a mídia para propagar uma narrativa positiva sem respaldo nos fatos, a prefeitura incorreu em um erro grave de comunicação pública, expondo sua própria estratégia de propaganda em detrimento da informação verdadeira.

Licitação suspensa por suspeitas de irregularidades

No início de março a Justiça determinou a suspensão da licitação de R$ 9 milhões para publicidade após denúncia da agência 9MM Propaganda Ltda. A Concorrência Pública nº 002/2022 previa a contratação de uma agência de propaganda para atender a prefeitura, mas a condução do certame levantou sérias dúvidas.

A licitação já havia sido anulada pela própria prefeitura em outubro de 2023, justamente por irregularidades na composição da comissão avaliadora. No entanto, o cancelamento foi revertido posteriormente por meio de um ato administrativo. A juíza Patrícia Nolli, da Vara da Fazenda Pública, determinou a suspensão imediata do certame até que a prefeitura preste todos os esclarecimentos.

Acusação de assédio moral e perseguição política

A exoneração de Kauan Quadros, ex-servidor e suplente de vereador, gerou ampla repercussão. Em carta pública, ele denunciou assédio moral e perseguição política por ter feito críticas à gestão. A prefeitura tentou justificar a exoneração, mas Kauan rebateu a nota, qualificando-a como “caluniosa e difamatória”.

EMASA, rizicultores e alvarás travados

A eficiência da EMASA, que já foi de 61%, despencou para 34% sob o novo governo. Os vereadores cobraram explicações. Enquanto isso, produtores rurais acusaram a gestão de tentar tomar terras produtivas com o pretexto de criar um parque ambiental — o que gerou a reação de advogados e associações de rizicultores.

Já na cidade, empreendedores enfrentam dificuldades para renovar alvarás. A prefeitura ainda não conseguiu normalizar os processos, e mesmo após prometer agilidade, não atualiza publicamente os dados desde março. A lentidão gera insegurança jurídica e ameaça negócios já estabelecidos.

Supostas irregularidades no Lar dos Idosos

O Lar dos Idosos virou palco de disputas políticas. Rosan da Rocha, ex-promotor de justiça e administrador voluntário da instituição, renunciou ao cargo após oito anos, denunciando o secretário Claudir Maciel por perseguição, uso político da entidade e irregularidades na gestão. A crise gerou um efeito dominó, com trocas de acusações públicas e notas de esclarecimento conflitantes.

Páscoa apagada e dispensa de licitações milionárias

Em abril, a cidade não teve decoração de Páscoa. Balneário Camboriú, que em anos anteriores se destacava pela programação temática, cedeu espaço ao protagonismo de cidades vizinhas como Itapema.

Enquanto isso, contratos emergenciais sem licitação viraram regra: foram mais de R$ 6,2 milhões para transporte coletivo e R$ 2,8 milhões para saúde, ambos com críticas da Câmara pela falta de planejamento e ausência de transparência.

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