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GM anuncia 200 resgates, mas omite encaminhamento para ONG Viva Bicho sobrecarregada

Comunicação oficial ignora que os animais são encaminhados para um abrigo superlotado sem aumento do convênio

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Desde o início do atual governo, a proteção animal em Balneário Camboriú tem sido palco de grandes conflitos. Em 1º de janeiro, a Guarda Municipal interrompeu os resgates por meio do serviço 153, medida explicada pela Secretaria de Segurança como parte de um processo de adequação. A decisão gerou protestos e polêmicas, levando a prefeitura a reverter a suspensão e retomar os atendimentos pelo 153.

No início de março, a prefeitura divulgou o balanço de resgates feitos pela Guarda Municipal. Entre 1º de janeiro e 28 de fevereiro de 2025, foram registradas 203 ocorrências envolvendo animais domésticos e silvestres, o que corresponde a uma média de 3,44 atendimentos diários. A nota oficial destaca 19 ocorrências de maus-tratos – aproximadamente um caso a cada três dias – mas omite um detalhe crucial: mais da metade desses animais são domésticos, como cães e gatos, encaminhados para a ONG Viva Bicho.

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Dos 200 animais atendidos, 131 foram encaminhados para o abrigo, que atualmente abriga cerca de 800 animais, embora receba um convênio de apenas R$ 140 mil, destinado a cuidar de 400. Essa discrepância financeira forçou a ONG a anunciar a paralisação parcial de suas atividades em 31 de janeiro de 2025, enquanto a prefeitura, mesmo ciente da superlotação, continua a encaminhar os animais para a instituição. Assim, os números ostentados pela Secretaria de Segurança contrastam com a realidade: a ONG Viva Bicho segue transformada em um depósito de animais, onde muitos estão condenados a viver em baias de 2×2 metros, sem o apoio necessário para um tratamento digno e adequado.

Um caso emblemático desse cenário ocorreu em 13 de fevereiro, quando a Guarda Municipal Ambiental constatou maus-tratos em uma cadela de 10 anos, localizada na Rua Morro da Pedra Branca, no Bairro Nova Esperança. Denúncias indicavam que o animal apresentava intensa coceira, pele vermelha e vivia em um ambiente repleto de fezes. O tutor foi orientado a buscar atendimento veterinário e a realizar a limpeza do local em um prazo de 7 dias. Em retornos subsequentes, constatou-se que o animal não havia recebido nenhum tratamento; o tutor afirmou, em 13 de fevereiro, ter apenas comprado um sabonete matacura.

Diante dos maus-tratos constatados, o tutor foi preso e a cadela que está sob tutela judicial foi encaminhada para o tratamento necessário. O animal foi levado por dois funcionários da secretaria do Meio Ambiente para a Viva Bicho, que já havia notificado a prefeitura de que não possui espaço para novos animais, e permanece lá há quase um mês, sem que a prefeitura tenha arcado com as despesas do tratamento ou providenciado um destino alternativo.

sarna cachorro

Outro caso significativo envolveu dois pit bulls que foram recolhidos da rua em 9 de fevereiro. A ONG Viva Bicho inicialmente recusou a entrada dos animais, e a Guarda Municipal acabou mantendo a dupla trancada em gaiolas na sede da Secretaria de Segurança. Após denúncias, os animais foram levados por GMs para passear para urinar e, posteriormente, nossa equipe localizou os tutores e os cães foram entregues aos responsáveis.

pitbulls

Dívidas de resgates

Nesta quinta-feira (06 de março), a ONG Viva Bicho divulgou um apelo em suas redes sociais para conseguir ajuda financeira no pagamento de despesas em clínicas veterinárias de animais que deram entrada na ONG.

Em uma publicação, a entidade informou que, apenas nos meses de janeiro e fevereiro, os gastos somaram R$9.465,20, distribuídos em R$6.021,60 para o primeiro mês e R$3.443,60 para o segundo.

A ONG ressaltou que “todo animal que entra na ONG precisa realizar exames, sem exceção”, além dos exames mensais de rotina, o que gera uma demanda constante de recursos. Para facilitar as doações, a instituição disponibilizou a chave Pix 06.156.776/0001-81, enfatizando que a “palavra do dia é: Socorro”, reforçando o caráter urgente da campanha.

Promessas

Em uma tentativa de reestruturação da causa animal, a prefeita Juliana Pavan anunciou, em 8 de janeiro, a criação de duas diretorias para cuidar da causa animal: a Diretoria de Bem-Estar Animal, vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, e a Diretoria de Combate aos Maus-Tratos, ligada à Secretaria de Segurança Pública. A prefeita afirmou que a causa animal é uma política pública de grande importância e que as demandas serão atendidas com compromisso e responsabilidade. Entretanto, até o momento, apenas a médica veterinária Ana Paula Bina da Silveira assumiu o cargo de diretora de Bem-Estar Animal, enquanto nenhum diretor foi anunciado para a Diretoria de Combate aos Maus-Tratos.

Animais silvestres

Além dos casos envolvendo animais domésticos, a Guarda Municipal também atendeu ocorrências relacionadas a animais silvestres, como gambás, lagartos e papagaios, encaminhando-os ao Zoológico do Parque Cyro Gevaerd.

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