Durante a sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú, realizada na noite de quarta-feira (16), parlamentares de diferentes bancadas voltaram a criticar a atuação da empresa Suzano, responsável emergencial pelo transporte coletivo da cidade. O debate, que ocupou boa parte do grande expediente, evidenciou a insatisfação com os atrasos, a ausência de funcionalidades prometidas e a falta de fiscalização do contrato por parte do município.
Mazinho Miranda (PRD) denuncia descumprimento de cláusulas e omissão de fiscal

O vereador Mazinho Miranda, relator da comissão que acompanha o transporte público, foi o primeiro a ocupar a tribuna sobre o tema, expondo uma série de falhas na execução do contrato emergencial firmado entre a Prefeitura de Balneário Camboriú e a empresa Suzano.
Mazinho iniciou seu discurso lembrando que a Câmara criou uma comissão para acompanhar a transição entre a empresa anterior e a nova operadora do sistema. Como integrante dessa comissão, o vereador relatou que realizou pessoalmente uma viagem em um dos ônibus da Suzano, saindo do bairro Estaleirinho em direção à Unimed, com duração de aproximadamente 1h30. Segundo ele, o objetivo era verificar de perto as condições do serviço prestado à população.
O vereador apontou que a principal reclamação dos usuários é o atraso nas linhas e revelou que o ônibus em que esteve partiu com 10 minutos de atraso. Apesar de elogiar os motoristas e a condução segura, Mazinho fez duras críticas ao não cumprimento de itens previstos no termo de referência do contrato emergencial firmado com a empresa, como:
- Ausência de Wi-Fi nos veículos
- Inexistência de QR Code para biometria facial
- Falta de comunicação visual sobre cadastramento para o cartão físico
- Ausência do sistema de bilhetagem
- Nenhuma informação ou publicidade dentro dos ônibus
- Capacidade física dos veículos incompatível com o prometido
- Falta de garagem e ponto fixo conforme exigido
- Falta de atuação e resposta do fiscal do contrato
Mazinho também criticou a falta de fiscalização por parte da prefeitura, e especialmente do servidor Samir, apontado como fiscal responsável pelo contrato. Ele afirmou que tentou contato várias vezes, sem sucesso, e denunciou que o mesmo comportamento tem sido relatado por usuários do sistema.
“Nós não estamos falando aqui, né, de um contrato de teste. Nós estamos falando de um contrato emergencial que a empresa tem que chegar, tem que fazer e tem que oferecer o serviço.”
Zanatta (PT) relata falhas nos horários e ausência de aplicativo

o vereador Eduardo Zanatta (PT) reforçou as críticas à atuação da empresa Suzano. Ele classificou a situação atual como um retrocesso e disse que, embora Balneário Camboriú tenha sido pioneira entre as cidades com mais de 100 mil habitantes a adotar a tarifa zero, a execução do contrato emergencial pela nova empresa está comprometendo esse avanço.
Zanatta ressaltou que o contrato atual é o quarto emergencial desde o início do programa de gratuidade, e que este, especificamente, foi o primeiro em que houve troca de empresa — com piora no serviço. Segundo o vereador, há menos veículos circulando, os ônibus não cumprem os horários e, sobretudo, não há aplicativo para rastreamento em tempo real, o que tem causado prejuízo direto aos trabalhadores e estudantes.
O vereador usou um relato de um morador da Barra, enviado ao seu gabinete, para ilustrar a situação vivida por quem depende do sistema. O morador afirmou ter esperado mais de uma hora por um ônibus que não passou, sendo obrigado a pagar por um aplicativo de transporte privado para não chegar atrasado ao trabalho.
Zanatta apontou que desde que a nova empresa assumiu, as queixas se intensificaram, e reiterou que a comissão parlamentar especial da tarifa zero já aprovou a convocação de um representante da empresa para dar explicações. Caso não haja comparecimento por convite, ele defendeu a convocação formal.
“A palavra é retrocesso. E não dá pra retroceder no transporte coletivo, porque senão as pessoas correm o risco de perder o emprego.”
Aldemar Bola (PSD) fala em “desrespeito com o trabalhador”

O vereador Aldemar Bola (PSD) também se pronunciou criticando a atuação da empresa Suzano, contratada emergencialmente para operar o sistema de tarifa zero em Balneário Camboriú.
Bola destacou que, embora o novo contrato tenha reduzido o valor do quilômetro rodado, considerado um avanço financeiro em relação à empresa anterior, a qualidade do serviço caiu significativamente. O parlamentar relatou casos de atrasos de até 1h40 e alertou que isso prejudica diretamente o trabalhador, que depende do transporte para cumprir horários de entrada no serviço.
Ele frisou que a situação se torna ainda mais grave pelo fato de o município ser turístico, o que, segundo ele, já obriga o morador local a “disputar o espaço” no ônibus com os visitantes. Agora, com os atrasos constantes, essa disputa se intensifica, gerando desrespeito com quem vive na cidade.
O vereador afirmou que está pressionando as autoridades responsáveis pela fiscalização, como o diretor Leocardes Giacomello, e declarou que não vai tolerar o descaso.
“Se tiver que ir fazer denúncia também contra a empresa, a atitude foi tomada, mas eu vou pra cima também. Não vou tolerar isso aqui, não.”
Bola ainda citou que a empresa Suzano assumiu o serviço com a promessa de manter as mesmas funcionalidades do contrato anterior, o que não estaria sendo cumprido.
Ricardinho (PRD) responsabiliza fiscais e sugere taxa para turistas

O vereador Ricardinho da Saúde (PRD) também abordou a situação do transporte coletivo, concentrando sua crítica na falha de fiscalização contratual. Para ele, o problema principal não está apenas na empresa Suzano, mas na ausência de atuação eficaz por parte dos fiscais de contrato, que deveriam ter verificado as condições do serviço antes mesmo da empresa iniciar a operação.
Segundo Ricardinho, faltou atuação prévia para garantir que os ônibus estivessem equipados e em conformidade com as exigências previstas no termo de referência. Ele destacou que profissionais e usuários do sistema — como professores, alunos e moradores da cidade — estão sendo prejudicados pela negligência da fiscalização.
Em sua fala, o vereador também defendeu novamente a criação de uma taxa específica para turistas utilizarem o sistema de transporte gratuito, reforçando que os recursos públicos devem priorizar os moradores da cidade.
“Já falei que o turista teria que pagar uma taxacinha… uma taxa, né, uma taxacinha, né, pra poder frequentar.”
Eliseu Pereira (MDB) reforça a cobrança

O vereador Eliseu Pereira (MDB) também se manifestou sobre o transporte coletivo, reforçando a necessidade de fiscalização por parte da prefeitura. Ele declarou que todas as empresas que prestam serviço ao município devem ser cobradas, tanto pelo Executivo quanto pelos vereadores.
Eliseu mencionou que há cerca de 20 dias havia usado a tribuna para fazer uma cobrança pública à empresa Ambiental, responsável pela limpeza urbana, e que após essa pressão houve melhoria significativa no serviço, principalmente na região sul da cidade. Segundo ele, o caso da Ambiental é prova de que a atuação da Câmara pode gerar resultados concretos.
Na sequência, direcionou seu foco à empresa Suzano, afirmando que se a empresa aceitou o contrato, tem a obrigação de cumprir o que foi prometido, sem desculpas. Ele destacou que os maiores prejudicados pelos atrasos são os moradores da região sul, que dependem diariamente do transporte coletivo para chegar ao trabalho no centro da cidade.
Eliseu também demonstrou confiança de que a prefeita Juliana Pavan irá intervir e cobrar providências dos responsáveis.
“Nós temos que cobrar. A prefeita — eu tenho certeza — vai chamar essa empresa pra conversar, os diretores, pra eles fazerem as coisas certas.”