Click Camboriú Blogs Olho Crítico Camboriú: no centro oram… No Monte Alegre matam!

Camboriú: no centro oram… No Monte Alegre matam!

Adolescente assassinado em frente a uma escola municipal, no Monte Alegre, em janeiro de 2013. Foto: Arquivo.
Adolescente assassinado em frente a uma escola municipal, no Monte Alegre, em janeiro de 2013. Foto: Arquivo.

[su_pullquote align=”right”]“Não podemos admitir, enquanto cidadãos críticos e conscientes, que a miséria na qual vivem mais de trinta mil pessoas neste município, seja utilizada como massa de manobra política e religiosa.” – Retratos da Periferia[/su_pullquote]Em plena semana que acontece no centro de Camboriú o maior congresso missionário do mundo, o Gideões Missionários da Última Hora, dois homicídios já foram registrados no bairro Monte Alegre.

Se Camboriú é uma cidade feliz por natureza, como diz o slogan, Monte Alegre não parece fazer parte do município. Muito mais que homicídios, o bairro parece ter sido esquecido. E o Monte alegre pede socorro!

Evidência disso são os sites de busca na internet. Fui procurar uma imagem para ilustrar essa matéria, e quando você joga “Monte Alegre, Camboriú” no google, só aparece foto de desgraça.

Abaixo, disponho um texto e um vídeo que não remete diretamente à opinião do portal Click Camboriú, mas para reflexão. É de autoria do projeto “Retratos da Periferia”, uma mídia independente sobre o distrito do Monte Alegre.

“Pedimos cinco minutos do seu tempo para assistir a este vídeo.
Nossa pretensão não é desmoralizar a fé de ninguém, mas sim, as estruturas de poder que há 130 anos brincam não somente com a espiritualidade das pessoas, mas também corrompem e suprimem direitos básicos (e essenciais) à uma vida digna não somente dos impostos que pagamos, mas também, da condição humana que temos.

Todos os anos, a Prefeitura Municipal de Camboriú investe de 260 a 300 mil reais do orçamento bruto da casa no Congresso Internacional de Missões, além de garimpar recursos com o Governo do Estado e ceder todo o centro da cidade para a realização do evento, fechando ruas e forçando o interrompimento das atividades pedagógicas de escolas básicas e instituições de ensino superior do entorno.

De acordo com o atual desgoverno municipal, a injeção do dinheiro público no evento retorna ao município na forma de receitas “diretas e indiretas”, mas de acordo com a entrevista dada para a comissão do evento (e que você poderá confirmar neste vídeo), a própria prefeita se “confunde” com a definição dada para esta aplicação: riqueza, despesa ou gasto?

Fato é que, desde sua gênese como município, Camboriú continua vivendo em uma condição de subdesenvolvimento econômico, que pode ser confirmada através do portal da transparência e principalmente, através dos indicadores socioeconômicos do Tribunal der Contas do Estado de Santa Catarina. A verdadeira receita extra do município advém de recursos federais, no entanto, também experienciamos um período histórico recheado de denúncias, irregularidades e favorecimentos. As reportagens vinculadas a este vídeo, que circulam desde o ano de 2012 na mídia local impressa e televisiva, não me deixam mentir.

Portanto, fique bem claro que não estamos questionando a fé de ninguém, desde que ela não fira, na dimensão social, o princípio do Estado Laico e determinem o que se deve pensar e ser feito em uma dita democracia de direitos. Estamos aqui fazendo valer nossa voz e nossa condição enquanto cidadãos que arcam com Gideões, coquetéis sociais para senadores, deputados e pastores, Bailes Municipais e Exporurais, ao mesmo tempo em que diversos pontos da cidade, com especial endosso à periferia urbana (Distrito de Monte Alegre), a miséria, a fome, a violência, o sucateamento da Educação, da Saúde, as obras irregulares conduzidas pela prefeitura com o dinheiro do PAC e as péssimas condições e oportunidades de trabalho se reproduzem e se cristalizam como “mina de ouro” para a especulação eleitoral.

Entendemos ser uma obrigação moral do governo municipal não tomar posicionamentos religiosos, posto que embora a comunidade cristã represente grande parte da cidade, não é a mesma ou a sua religiosidade que devem definir ações de governo. É o que se espera de uma verdadeira democracia de direitos, é o que se espera de “ditos” sociais democratas, é o que determina a Constituição da República Brasileira como forma de garantir os direitos de todos. A fé se professa nos seus respectivos templos e seus templos e dirigentes é que devem arcar com o ônus de sua própria causa, que evidentemente não é (ou não deveria ser), uma causa de governo e de Estado.

Não podemos admitir, enquanto cidadãos críticos e conscientes, que a miséria na qual vivem mais de trinta mil pessoas neste município, seja utilizada como massa de manobra política e religiosa.

Não podemos admitir, que enquanto o índice de pobreza de nossa cidade, de acordo com o IBGE, ultrapasse 20%, compondo o pior IDH do Estado, bem como um dos piores da Região Sul, continuemos sendo chamados de “cidade feliz por natureza” e “maravilha do Sul” por aqueles que vivem no conforto de suas casas e postos políticos.

E não podemos, principalmente, admitir que a pobreza seja tratada como “falta de Deus” que se resolve na base da caridade, quando ela é, única e exclusivamente, responsabilidade e produção do próprio Estado.”

Por Retratos da Periferia

Vídeo:

Após a repercussão do vídeo nas redes sociais, Jéssica Albino, coordenadora do projeto “Retratos da Periferia”, se pronunciou novamente:

“Pelos comentários, vi que muitos moradores de Camboriú também denunciaram as calamidades em seus bairros, longe do Distrito de Monte Alegre. A ideia inicial do projeto, que coordeno, era chamar a atenção para a realidade socioeconômica vulnerável do nosso Distrito, todavia, só podemos concordar com os moradores de outras localidades, posto que Camboriú, em termos gerais, é uma cidade negligenciada. Aproveito, ainda, para reforçar mais uma vez que não estamos questionando a fé pessoal de ninguém, mas sim, o oportunismo político em detrimento dela e no quê se transformou nossa cidade! E disso estamos cansados!”

E você, o que pensa sobre isso? Camboriú é de fato uma cidade feliz por natureza? Deixe seu comentário abaixo!

[poll=”13″]

 

Sair da versão mobile