O servidor efetivo da Prefeitura de Balneário Camboriú, Wladimir Marcelo Verch — conhecido como Vavá do Arregadão, ou Vavá da Comunidade — denunciou, por meio de um vídeo publicado nas redes sociais, que vem sofrendo assédio moral e perseguição política durante os primeiros 100 dias da gestão da prefeita Juliana Pavan (PSD). Segundo ele, sua trajetória funcional tem sido marcada por constantes trocas de setor sem justificativa, o que, segundo a legislação, pode configurar ilegalidade administrativa.
“Assédio moral, perseguição, parece que as velhas políticas voltaram. Em apenas 100 dias de governo, já me moveram quatro vezes de setor. E sabe o que é pior? Isso é ilegal. Além de ser assédio moral, perseguição política é ilegal”, afirmou o servidor no vídeo.
Vavá iniciou seu trabalho na atual gestão pela Secretaria de Educação, atuando no Projeto Oficinas. Posteriormente, foi transferido para o setor de Meio Ambiente, onde passou a atuar na Sala do Empreendedor. Ele relata que, mesmo tendo obtido mais de 200 avaliações positivas dos usuários no atendimento, foi novamente removido da função. Em seguida, foi deslocado para o CAPS II (Centro de Atenção Psicossocial), e mais recentemente, transferido para a UBS Pontal Norte.
“Não pense que eu saí das secretarias porque fui mal em todas elas. Deixei grandes amigos, e todos questionam por que não volto. Mas a minha dúvida é: há poucos dias da minha avaliação do estágio probatório, quem irá me avaliar? Seria esse um jogo de cartas marcadas? Ou estão querendo me fazer desistir?”, questiona o servidor.
Em conversa com a redação, Vavá confirmou que ingressou com uma ação judicial contra a Prefeitura e aguarda o julgamento de um mandado de segurança. O pedido visa seu retorno ao cargo anterior, na Sala do Empreendedor, de onde afirma ter sido removido de forma arbitrária.
“Eu escolhi ser servidor público. Estudei, me preparei e passei num concurso muito concorrido para estar aqui, servindo a cidade que eu amo e esse povo maravilhoso. Vocês passarão, e eu continuarei aqui, fazendo o que tanto amo, servindo a minha cidade e a minha gente”, conclui Vavá em seu vídeo.
Caso de assédio repercute na Câmara
Durante a sessão da Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú, realizada na quarta-feira (16), o vereador Marcelo Achutti (MDB) manifestou preocupação com a denúncia feita pelo servidor Wladimir. Em discurso no plenário, Achutti afirmou que teve conhecimento do caso e confirmou sua amizade com o servidor, que foi seu apoiador nas eleições. Para o parlamentar, a sucessão de transferências em menos de 100 dias, em pleno período de estágio probatório, é motivo de alerta.
“Em estado probatório não pode ser transferido. Estado probatório, quatro vezes, não pode. Com todo o respeito, isso é uma coisa que a gente tem que começar a ver”, disse Achutti. Ele ressaltou que, se houvesse qualquer inadequação na atuação do servidor, seria mais apropriado instaurar um processo administrativo do que submetê-lo a sucessivas remoções.
O vereador ainda relembrou episódios de perseguição política ocorridos em gestões anteriores, destacando que a prática de retaliação contra servidores por motivos ideológicos não condiz com a legalidade e a ética do serviço público. “Com todo o respeito, eu quero compreender o que aconteceu. Se tem motivo, abra-se um processo administrativo. Mas transferir um servidor em quatro secretarias, em 100 dias, com todo respeito, eu quero compreender”, reiterou.
Em aparte, o vereador Mazinho Miranda (PRD) também saiu em defesa de Vavá, relatando que foi marcado pelo servidor nas redes sociais ao denunciar o caso. Mazinho elogiou o comprometimento do servidor e aproveitou para fazer um apelo direto aos secretários e chefes de setor da atual gestão: “Que deixem as pessoas trabalharem”. Segundo ele, a atuação administrativa não pode estar condicionada a disputas partidárias.
“Na administração tem que trabalhar, deixar de lado as questões políticas, porque a eleição é só daqui a quatro anos”, afirmou o parlamentar, lembrando que, quando presidiu a Fundação Municipal, jamais misturou as diferenças políticas com a gestão dos servidores.